Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! “Para cada homem Deus guarda um novo raio de luz ao sol e um novo caminho para percorrer”, nos recordava o poeta peregrino León Felipe (1884-1968). E esse caminho de busca e encontro com Deus está aí para ser descoberto por nós. Quando começamos a percorrê-lo, podemos ficar desorientados num primeiro momento, porque acabamos descobrindo que ele a primeiro por nós mesmos, pelo nosso coração, tocando a dimensão estrutural e existencial da nossa vida.
O caminho do homem até Deus pode nos parecer demasiado longo e difícil de ser percorrido, pois numa sociedade de respostas imediatas temos dificuldades de percorrer um caminho no qual encontraremos respostas somente depois de vencer as curvas da indiferença, da autossuficiência e do egoísmo, que deixaram marcas profundas no nosso coração.
Quem já percorreu na vida um caminho de encontro com Deus tem a convicção de que a sua busca é, na realidade, o resultado de um desejo prévio de encontrar-se com Deus, e foi Deus quem primeiro tomou a iniciativa de vir ao seu encontro. É Deus quem percorre o caminho infinito que nos separa, para nos encontrar na nossa realidade humana, marcada por sombras, luz e trevas. É Deus quem no caminho da vida, muitas vezes marcado por sinais de morte, fala continuamente ao nosso coração sobre um amor misericordioso e sabe ser presença de amor, até mesmo no silêncio do caminho.
Na Solenidade da Santíssima Trindade celebramos a comunhão de amor das “Três Pessoas que são um só Deus, porque o Pai é amor, o Filho é amor e o Espírito é amor. Deus é tudo e somente amor, amor puríssimo, infinito e eterno. Não vive numa solidão maravilhosa, mas é sobretudo fonte inesgotável de vida que se doa e se comunica incessantemente. Tudo deriva do amor, tende para o amor e se move impelido pelo amor, naturalmente com diferentes graus de consciência e de liberdade” (Papa Bento XVI).
Quem encontra Cristo e estabelece com Ele um relacionamento de amizade, acolhe a própria Comunhão Trinitária na sua alma, segundo a promessa de Jesus aos discípulos: “Se alguém me tem amor, há de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará e Nós viremos a ele e nele faremos morada” (Jo 14, 23).
“Para quem tem fé, todo o universo fala de Deus Uno e Trino. Mas é somente na pessoa humana, livre e racional, que esse dinamismo se torna espiritual, se faz amor responsável, como resposta a Deus e ao próximo, num dom sincero de si. Nesse amor o ser humano encontra a sua verdade e a sua felicidade” (Papa Bento XVI).