Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
O grande teólogo Karl Rahner profetizava que a espiritualidade do cristão do século XXI seria profundamente mística e trinitária. Resgatar a relevância do Deus Uno e Trino ou TriUno na teologia pastoral e na própria missão é um dos grandes desafios para sermos uma Igreja Sinodal que caminha junto, solidária com toda a humanidade especialmente com os pobres e que partilha as angústias, esperanças e sofrimentos dos povos, culturas, e as diversas situações humanas.
Aprender com a Santa Trindade a tornar-se próximo, aberto e relacionar-se harmonizando a igualdade com a diferença, a personalidade com a comunidade, o particular com o total e global. Ser sempre elo de comunhão, unidade, mas garantindo como em Pentecostes a diversidade de línguas com a compreensão e empatia do amor âgape.
Precisamos mais que nunca de pessoas que vivam profundamente o mistério trinitário, sendo pontes, canais, amparos, redes, fazendo circular a fraternura, o que restaura e cura nossa convivência cicatrizando e superando marcas de ressentimento, intolerância, e vingança.
Esta sublime revelação nos faz descobrir a presença de Deus em tudo e em todos, afirmar que tudo está interligado (LS 16) pelo amor e a graça divina. Contemplar a Trindade nos converte em pacificadores como afirmava São Sérgio, nos convida a sermos habitantes da Casa Comum, com responsabilidade e cuidado, percebendo em todas as coisas e criaturas a marca do Deus Uno e Trino.
Não estava errado o político cristão russo da Duma Nicolai Berdaieff em responder quando o interpelaram acerca do seu programa e plataforma política: “Meu programa é a Santíssima Trindade, pois ela nos ensina a salvaguardar a dignidade da pessoa e ao mesmo tempo construir a comunidade humana no amor e na justiça”.
Finalmente neste ano jubilar, caminhemos com a Santíssima Trindade afirmando a esperança que não engana e decepciona e as suas filhas, a indignação com o mal e a coragem e audácia de sonhar com uma Terra liberta no amor e na fraternidade, sempre na perspectiva do Reino definitivo. Deus seja louvado!